NÃO participação do BCE na reestruturação da dívida grega
O facto do Banco Central Europeu não ter
participado no resgate à Grécia (pelo menos nas mesmas condições dos restantes
credores) representou um favorecimento retroactivo de credores. Depois deste
esquema, qualquer credor de dívida soberana europeia pensará duas vezes antes
de investir, dado que corre o risco de ser forçado a uma reestruturação em que
participam apenas alguns dos credores.
“Todos os animais são iguais, mas
há uns que são mais iguais que outros.” – Animal Farm, George Orwell
QUESTÃO dos Credit Default Swaps
Apesar da última palavra
pertencer à ISDA, há um consenso generalizado que a activação das cláusulas
colectivas resultará num evento de crédito que, por sua vez, implicará a
activação dos CDS. Apesar da confusão previsível, a alternativa da não
activação dos CDS seria mais uma machadada orweliana no mercado dívida
soberana.
INSUSTENTABILIDADE da dívida grega
Desemprego galopante, saque ao
que pode restar de potencial receita fiscal, balança comercial claramente
deficitária, eis a Grécia.
A Grécia tem a garantia de que
vai viver uns bons 10 anos de agonia económica. Porque aceitaram este acordo?
Porque sem ele o acesso a fundos era impossível e aí sim a Grécia pararia. Mas
há uma alternativa. A alternativa passaria por apoio em termos de fundos,
alguma austeridade redentora, mas essencialmente uma licença sabática do euro
(a solução ordeira), ou seja, a Grécia poderia retomar alguma autonomia
monetária e cambial necessária para ajustar os desequilíbrios e depois voltaria
ao euro. As eleições em Abril serão a afirmação desta alternativa.
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