quarta-feira, 7 de março de 2012

BOLSAS EM QUEDA: OS PORQUÊS


Por Alexandre Mota 


“A sabedoria convencional serve para nos proteger da penosa tarefa de pensar” - John Kenneth Galbraith

Em qualquer site de notícias encontrará, com certeza, uma “análise” que atribui a recente queda dos mercados accionistas a problemas na “negociação com os investidores privados da Grécia”. É verdade e é também a explicação convencional. Conforme tínhamos referido em posts anteriores, este assunto ainda não terminou.

Mas não é só este factor “inesperado” que ensombra os mercados.

Num estudo publicado ontem, a empresa de research “Capital Economics” titula: “FED waiting to see which way the recovery breaks”.

Depois desenvolve:

- FED não deve acrescentar mais estímulos enquanto os números mostrarem que a recuperação está em curso;
- É difícil ao FED vender o QE3 quando a inflação está em torno da sua meta;
- Mais acção é possível (leia-se QE3) mais tarde se a crise na zona euro entrar de novo em erupção

Traduzindo: é exactamente a minha linha de raciocínio nos últimos 2 posts. Para além disso, tal como em 2010, poderemos assistir ao seguinte paradoxo: ver o mercado accionista a reagir bem a dados macro maus e a reagir mal a dados bons.

Porquê?

Porque a principal razão que sustenta os preços das acções em alta é o modo de impressão em curso (o Ctrl+P). Se os dados foram maus (ceteris paribus), a impressora continuará em força. Se os dados forem bons (ceteris paribus), a impressora não deixará de imprimir, mas entrará em modo “pause”.

E na Europa…

Os depósitos junto do BCE atingiram novo máximo histórico. Em que dia? No dia 1 de Março, após o leilão do BCE que resultou num empréstimo a 3 anos à taxa de 1%. Portanto, os bancos pediram dinheiro ao BCE para…depositar no BCE.


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