sexta-feira, 2 de março de 2012

O Seguro do seu Porsche

Por Alexandre Mota


Imagine:

….João é o feliz proprietário de um Porsche. Junto da sua seguradora contratou um seguro contra todos os riscos que garante ressarcimento no caso de acidente. Acidentes acontecem. Por isso, imagine o  acidente de João, sem dolo da sua parte, mas que, para todos os efeitos, transformou o seu Porsche num monte de chapa inútil. Depois de se recompor, João contactou a sua companhia de seguros tendo em vista a justa indemnização pela qual tinha pago um prémio avultado. Resposta da companhia de seguros: “Propomos uma troca. Vamos entregar-lhe um carro em perfeitas condições…um mini clubman de 1978!
Escandalizado, João contacta o Instituto de Seguros de Portugal que reúne um comité de avaliação (onde está presente a seguradora do seu Porsche). O comité decide (espanto!!!) que um mini clubman de 1978 é bem melhor que um monte de lata (outrora Porsche)…

Não sabemos como a história vai terminar, mas provavelmente o desenlace não depende do que é justo mas sim dos interesses em causa e da capacidade de mover as influências certas.
Esta história fictícia ilustra o que se passou relativamente aos Credit Default Swaps da dívida grega. A ISDA (entidade que decide se há ou não um evento de crédito) anunciou que o swap de dívida não representa um evento de crédito mas sim um acordo voluntário. Acontece que a história ainda não terminou e há um conjunto de detentores de obrigações que podem contestar o acordo de troca de dívida, o que levará ao accionamento de cláusulas colectivas e aí sim a declaração de um evento de crédito.

Por agora, se havia dúvidas, já tivemos um bom exemplo da sapiência da ISDA. Quem, depois disto, confiará no mercado de CDS arbitrado pela ISDA?

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