Por Alexandre Mota
As últimas semanas foram bastante profícuas no ambiente macro.
Em primeiro lugar, o BCE confirmou o que o mercado desejara e antecipara, designadamente:
- O BCE comprará obrigações de países periféricos e o Bundesbank é o principal opositor desta medida. A compra está condicionada a um pedido de ajuda financeira (“ou algo parecido”).
- A ação centrar-se-á nos prazos curtos.
- A intervenção será esterilizada, ou seja, o BCE removerá do sistema o mesmo montante de dinheiro gasto, assegurando que o programa terá um impacto neutro na massa monetária.
- Não haverá uma banda explícita para os yields.
- Não haverá senioridade da dívida comprada pelo BCE.
Os mercados acionistas reagiram em alta ao anúncio de compras de ativos pelo BCE e o EUR/USD atingiu os valores mais elevados desde Maio.
Em segundo lugar, o tribunal constitucional alemão ratificou a tratado orçamental permitindo assim a participação alemã no mecanismo europeu de estabilidade.
Em terceiro lugar, a reserva federal americana anunciou mais medidas de estímulo à economia americana – o QE3. A Fed vai aumentar a sua carteira de títulos de longo prazo através da compra de obrigações, designadamente obrigações hipotecárias (MBS) no montante adicional de 40 mil milhões de dólares mensais e deverá manter as taxas de juro baixas até 2015 o que significa mais uma ano face à promessa anterior.
Com os principais bancos centrais todos alinhados numa postura expansionista, a temática “RISK ON” prevalece. Os mercados já anteciparam uma boa parte desta decisão ao penalizarem o dólar em detrimento de outras divisas (como o ouro e prata) e ao beneficiarem os mercados acionistas em detrimento das obrigações de alto rating. Este movimento recente não se tem caracterizado por um grande clima de euforia nem altos volumes, o que deixa espaço para subidas adicionais das classes ativos que subiram mais recentemente.
Imprimir é solução? Se estivermos a falar ao nível da gestão de ativos financeiros e solvabilidade do sistema bancário, a impressão tenderá a beneficiar as apostas de risco, afigurando-se assim como uma solução no curto prazo. Se estivermos a falar da economia real, esta impressão monetária não resolverá nada pois não contribui de forma alguma para o crescimento, podendo até agravar o crowding out entre investimento público e privado. Mais cedo ou mais tarde, a efeito ilusório dissipar-se-á e o próprio mercado financeiro entrará em crise. Uma crise ainda maior que a atual.
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