quinta-feira, 12 de julho de 2012

Veículo Desgovernado

José Dias


Dezanove cimeiras desde que a crise soberana abateu-se sobre a periferia da Zona Euro e continuamos na mesma encruzilhada.

Talvez porque continuamos a viver na mesma negação da realidade.

Talvez porque não gostamos da verdade.

Talvez porque não temos coragem de tomar as medidas difíceis.

O euro foi-nos vendido como a resposta para a nossa falta de crescimento e falta de emprego.

Findo uma década, sem crescimento, estamos de novo à beira do abismo.

Três pacotes de ajuda em 30 anos e parece que ainda não aprendemos a lição.

Uma lição que é fácil de aprender: menos estado e mais economia de mercado.

Os nossos problemas resultam de empresas que se sobrepõe ao “rule of law”. Uma impunidade que choca e uma justiça que não funciona.

Há uma semana um novo pacote para recapitalizar os bancos espanhóis foi anunciado. Com toda a pompa e circunstância. Os investidores respiraram de alívio.

Uma união fiscal, uma união bancária seria finalmente a solução.

As praças europeias subiram, os yields baixaram ligeiramente e alguns políticos puderam dormir umas noites mais sossegados. O euro apreciou face ao dólar em reacção.

Mas menos de uma semana depois, o pesadelo e as insónias regressaram.

Os yields em Espanha ultrapassam o limite do 7% - a linha na areia que separa a solvência da insolvência.

Podem atingir o mercado com intervenções, mais poderes para os burocratas em Bruxelas, etc, mas o MERCADO acaba por se vingar. Felizmente, os especuladores estão alerta e estão a fiscalizar os políticos que afundaram as economias.

As tentativas de planeamento central são um fracasso mas vivemos na ilusão e numa realidade distorcida. Não queremos ver. Ignoramos a fome na Rússia soviética, na Coreia do Norte, o desastre económico em Cuba ou na Venezuela ou o buraco da Politica agrícola comum.



Um problema de excessivo endividamento não se resolve pedindo mais dinheiro emprestado. Um crescimento que se alimenta no endividamento nunca é sustentável.

Nem se resolve dando mais poder a meio dúzia de burocratas que julga ter poder para se substituir as decisões de milhões de agentes económicos.

Nem se resolve dando o planeamento das economias a bancos centrais que fixam a taxa de juro. Como quem fixa o preço do pão na Rússia Soviética.

Temos que viver dentro das nossas possibilidades. Por muito que isso custe. Mesmo que implique um ajustamento de 50% nas nossas economias.

Mesmo que implique um fim às ajudas dos estados a instituições financeiras insolventes.

Mesmo que implique responsabilizar criminalmente quem tomou más decisões.

O mercado não espera que estas decisões sejam tomadas. O mercado antecipa. Enquanto recusarmos assumir os nossos problemas e tomar as decisões difíceis, mais violento será o desfecho final.


José Dias
Golden Broker

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