Na atual conjuntura, os yields sobre
a dívida pública espanhola são o principal indicador sobre o destino da zona
euro.
A Grécia foi apenas o início de
uma crise profunda e prolongada. Como já é admitindo à boca pequena, uma saída
da Grécia da zona euro seria um mal necessário. Portugal e Irlanda são danos aparentemente
manejáveis que estão por enquanto fora do radar. Espanha e Itália são outra
realidade, outros números, outro nível de perdas. As medidas em Espanha não
estão a resultar, o bailout à banca é insuficiente e as autonomias imploram por
dinheiro que o estado central não tem. Há duas visões antagónicas sobre esta
temática:
- A visão, que chamamos simplificadamente,
pós Keynesiana, defende a intervenção das autoridades via banco central e
governos centrais;
- A visão, que chamamos simplificadamente,
liberal, defende a falência como forma de limpar os excessos, reconstruir a
capacidade de poupança e crescer.
As opiniões são diversas no campo Keynesiano,
mas o tronco comum passa por uma boa dose e impressão monetária (leia-se
imprimir dinheiro para refinanciar as dívidas dos Estados diretamente ou via
banca) e uma menor dosagem na austeridade que, de um modo geral, é reconhecida
como necessária, embora deva ser mais diluída no tempo.
No campo liberal, a escola austríaca (a mais
estruturada e filosoficamente sólida neste campo) defende que a atual crise
resulta de uma insuficiência de poupança e excesso de dívida resultantes da
intervenção das autoridades monetárias (que empurraram as taxas de juro para
baixo) e dos governos que incentivaram atividades económicas não rentáveis.
Para os austríacos o excesso de dívida resultou do excesso de Estado em sentido
lato. Portanto, a solução é menos Estado e menos dívida.
Em comum, ambas as visões reconhecem que há um
problema de dívida. Os Keynesianos defendem inflacionar para pagar aos credores;
os liberais defendem deixar falir.
Onde se posicionam os nossos governantes?
Não sabemos ao certo, mas ao rever as atitudes
dos governos, comissão europeia e do BCE ocorre-nos a audição de uma orquestra
desafinada, sem maestro e, pior que isso, sem música de qualidade.
Ocorre-nos também pensar que os austríacos têm
razão quando apontam o dedo ao excesso de Estado. Há razões para que tal tenha
acontecido. O Estado social nas democracias ocidentais era a terceira via, a
via democrática, o contraponto à União Soviética e a evolução para um estágio
mais humano do capitalismo. Era, mas já não é. Evoluímos rapidamente para uma
situação em que são mais os dependentes do Estado, do que os contribuintes. A
solução tem passado por taxar mais os contribuintes, mantendo no essencial as
despesas. No longo prazo, não vai resultar porque destrói o incentivo a criar
riqueza. Esta é uma conclusão comum a Keynes e aos liberais e não um “quote”
liberal. Aliás, estamos convictos que Keynes coraria de vergonha e dificilmente
concordaria com o que se fez em nome das suas teorias.
Bons Investimentos!
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