segunda-feira, 7 de maio de 2012

Grécia e França – e depois das eleições

Por Alexandre Mota





A vitória da esquerda em França e a “Vitória de Pirro” da Nova democracia na Grécia adensam as dúvidas sobre a zona euro. As questões cruciais são estas:

- que tipo de coabitação terá o presidente Hollande com a chanceler Merkl não esquecendo que esta provavelmente também perderá as eleições no próximo ano?

- que tipo de compromissos a aliança Nova democracia / Pasok terão de fazer com os partidos anti euro?

São questões sem resposta imediata mas que apontam num sentido. Os ventos da austeridade impostos pelo eixo franco-alemão estão a mudar. Goste-se ou não é este o sinal dado pelas urnas.

Os mercados anteciparam estes eventos num típico movimento de “sell on rumour, re-buy on fact”, mas de agora em diante reagirão aos próximos movimentos políticos com mais nervosismo. A situação em França é menos confusa. Hollande faz parte do grande centro político e é um institucionalista e não um socialista radical. Para o mês que vem teremos eleições legislativas em França que podem ou não confirmar a viragem à esquerda. Já na Grécia, o facto do centro político não ter conseguido a maioria no parlamento suscita compromissos potencialmente fraturantes com a zona euro. As próximas semanas serão cruciais.

As indefinições políticas na zona euro têm coincidido com um conjunto de dados macroeconómicos que apontam no sentido de uma desaceleração económica. Pouco tempo passou desde os dois leilões LTRO e a economia real continua a agonizar sem crédito. Os mercados acionistas europeus não tardaram a refletir este ambiente e já registam perdas no ano de 2012 (a única exceção é a Alemanha).   

Sem mais estímulos, os mercados acionistas tenderão a derrapar. Depois subirão antecipando novos estímulos e voltarão a cair após a sua concretização. Com este círculo alimentam-se bolhas de preços em determinados segmentos do mercado, mantém-se os bancos acima da linha de água, mas não se resolve o problema económico. Pelo contrário, empurra-se a crise para a frente donde ela ressurgirá…mais grave.

Então se a austeridade excessiva não resulta e os estímulos ajudam a criar bolhas especulativas, parte da solução que tem de ser encarada será algum tipo de default…



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