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terça-feira, 15 de maio de 2012
Moral Tóxica
Se souberes que os teus actos não terão consequências nefastas pois haverá sempre uma mão protetora que te resgatará se tudo correr mal, então a moral dos teus atos tenderá a ser tóxica ("moral hazard").
Enquanto não se sabe todos os pormenores do escândalo JP Morgan, convém recordar (ver abaixo) como as coisas funcionam no atual sistema capitalista.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Grécia Out
Por Alexandre Mota
Façamos uma antevisão pouco
detalhada do que pode acontecer se a Grécia sair do Euro: O novo Drachma cairá
rapidamente entre 30% e 50%; um default quase total de pagamentos ao exterior
será aplicado mas não será suficiente para terminar com a austeridade, dado que
os impostos não serão suficientes para cobrir as despesas, ou seja, a Grécia mantém
e manterá um défice orçamental primário por cobrir; o preço das importações disparará
e os padrões de vida cairão a pique. A esperança poderá estar numa retoma da
competitividade pela via cambial….
O contágio para outras nações em
dificuldade (como Portugal):
A saída da Grécia do euro levará
a fortes resgates dos bancos da periferia, alimentando um círculo vicioso de
confiança/falta de capitalização.
Sem alternativa, as autoridades
político-monetárias estabelecerão limites à circulação de capital.
O fim ou a continuidade do euro
dependerá da posição alemã. Se a Alemanha entender que para salvar o euro deverá
flexibilizar a sua posição dando mais tempo aos países da periferia, nesse caso
a Grécia poderá ser caso único. Se tal não acontecer será o fim do euro. Com
estrondo….
Nota final:
Robert Mundell, frequentemente citado como o
autor da ideia de zonas monetárias ótimas, elenca quatro citérios necessários para
uma união monetária e cambial bem sucedida:
- liberdade de circulação de
pessoas;
- liberdade de circulação de
capitais e flexibilidade de preços e salários;
- mecanismos fiscais de
transferência para as áreas afetadas pelas duas primeiras características acima;
- os vários participantes na zona
monetária ótima estão no mesmo ciclo de negócio.
Caro leitor, pense na zona euro e faça o
exercício…é uma zona monetária ótima? Pense nos EUA e faça o mesmo exercício.
Ler mais:
sexta-feira, 11 de maio de 2012
A MÃO INVISÍVEL – Déjà Vu
Por Alexandre Mota
“Ao procurar o seu próprio
interesse, cada indivíduo promove frequentemente resultados mais efetivos para
a sociedade do que se realmente tivesse essa intenção …..através de uma mão
invisível promove um fim que não era parte da sua intenção.”
Adam Smith
Os excertos acima são a afirmação inequívoca do primado do
indivíduo e a negação da sociedade planificada. A mão invisível é obviamente o
mercado não planificado.
No século XXI há outras mãos invisíveis que são as
principais responsáveis pelas oscilações de preços. Tudo planeado, tudo
controlado, pelo menos para já.
O gráfico abaixo mostra o impacto no índice S&P 500 dos
vários programas de estímulos quantitativos.
Fonte: http://www.zerohedge.com/
Este outro gráfico mostra que os balanços dos bancos
centrais têm de ser expandidos a taxas de crescimento cada vez maiores só para
manter os preços (neste caso das ações) protegidos de um colapso.
Conclusão/Pergunta:
Se não fosse a mão visível da FED+BCE..etc, a que preços
estaria a transacionar a mão invisível, ou seja, onde estariam as ações e como,
nestas condições, é possível ter convicções firmes no valor de uma empresa ou de um activo?
Alexandre Mota
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Grécia e França – e depois das eleições
Por Alexandre Mota
A vitória da esquerda em França e a “Vitória de Pirro” da Nova democracia na Grécia adensam as dúvidas sobre a zona euro. As questões cruciais são estas:
A vitória da esquerda em França e a “Vitória de Pirro” da Nova democracia na Grécia adensam as dúvidas sobre a zona euro. As questões cruciais são estas:
- que tipo de coabitação terá o
presidente Hollande com a chanceler Merkl não esquecendo que esta provavelmente
também perderá as eleições no próximo ano?
- que tipo de compromissos a
aliança Nova democracia / Pasok terão de fazer com os partidos anti euro?
São questões sem resposta
imediata mas que apontam num sentido. Os
ventos da austeridade impostos pelo eixo franco-alemão estão a mudar. Goste-se
ou não é este o sinal dado pelas urnas.
Os mercados anteciparam estes
eventos num típico movimento de “sell on rumour, re-buy on fact”, mas de agora
em diante reagirão aos próximos movimentos políticos com mais nervosismo. A
situação em França é menos confusa. Hollande faz parte do grande centro
político e é um institucionalista e não um socialista radical. Para o mês que
vem teremos eleições legislativas em França que podem ou não confirmar a
viragem à esquerda. Já na Grécia, o facto do centro político não ter conseguido
a maioria no parlamento suscita compromissos potencialmente fraturantes com a
zona euro. As próximas semanas serão cruciais.
As indefinições políticas na zona
euro têm coincidido com um conjunto de dados macroeconómicos que apontam no
sentido de uma desaceleração económica. Pouco tempo passou desde os dois
leilões LTRO e a economia real continua a agonizar sem crédito. Os mercados
acionistas europeus não tardaram a refletir este ambiente e já registam perdas
no ano de 2012 (a única exceção é a Alemanha).
Sem mais estímulos, os mercados
acionistas tenderão a derrapar. Depois subirão antecipando novos estímulos e
voltarão a cair após a sua concretização. Com este círculo alimentam-se
bolhas de preços em determinados segmentos do mercado, mantém-se os bancos
acima da linha de água, mas não se resolve o problema económico. Pelo
contrário, empurra-se a crise para a frente donde ela ressurgirá…mais grave.
Então se a austeridade excessiva
não resulta e os estímulos ajudam a criar bolhas especulativas, parte da solução
que tem de ser encarada será algum tipo de default…
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