Todas as pessoas têm crenças pessoais que compõem aquilo que somos como pessoa.
Quer estas crenças tenham sido estabelecidas por experiências de vida, incorporadas
na nossa psicologia desde o nascimento, elas moldam a forma como vemos o mundo.
Estas crenças centrais também podem levar a um viés extremo que seja
difícil de quebrar.
Muitas pessoas pegam-se a uma ideia ou a um potencial
resultado final ao ponto de ignorarem qualquer evidência ou dado que lhes
aparece à frente que contrarie as suas noções pré estabelecidas.
Muitos investidores,
como outro qualquer grupo, caem no erro das expetativas incorporadas.
Muitas
vezes existe uma crença muito forte numa ideia. Quando é apresentada uma nova vidência
contra a crença estabelecida, esta evidência não é aceite. Aceitar a evidência
cria um sentimento desconfortável designado por dissonância cognitiva. E
torna-se tão importante proteger a crença inicial, que o investidor vai racionalizar,
ignorar e mesmo negar qualquer coisa que não encaixa na sua crença.
Muitos
investidores estão tão apegados a um resultado esperado no mercado que são incapazes
de ver outro resultado que possa acontecer. Racionalizaram o seu timing político,
macroeconómico num estado de convicção tal que julgam ser inquebrável.
Estes estados levam muitas vezes a tomar posições contraditórias no mercado
acionista, commodities, com a expetativa de que “o mercado está a fazer um
topo” ou “o mercado está prestes a inverter”.
Outro resultado da dissonância
cognitiva é a paralisia pela análise. Muitas opiniões contraditórias criam
indecisão, que leva à inação. Estar em liquidez por um período longo de tempo
não permite alcançar os objetivos de investimento e vai criar ainda mais
ansiedade se a tendência continuar a favorecer a criação de riqueza. No final do
dia, quem decide tudo é o preço.
O preço é a única coisa que interessa.
Podemos
deitar fora as opiniões, notícias importantes, confiança, sentimento, avaliações,
relações económicas, ou qualquer outro indicador que diga que o mercado está
num determinado sentido. O mercado não quer saber para onde eu ou qualquer
outra pessoa acha que o mercado deve ir, e muitas vezes reage de forma
completamente imprevisível. É por isso que temos de estar preparados para qualquer
resultado final para se ser um investidor de sucesso.
Toda a gente, em determinados momentos do tempo errou nos esforços de ser
bem-sucedido. Eu próprio admito que sou muito cauteloso quando o mercado está a
subir e não sou suficientemente agressivo quando me são apresentadas
oportunidades de compra quando o mercado faz ligeiras correções. É nessas
oportunidades que nos interrogamos “ e se…”, fazendo vários cenários. Não há
que ter vergonha de estar errado; apenas existe vergonha em estar errado quando
todas as evidências apontam para o contrário do nosso posicionamento.
Apresento
abaixo algumas dicas para ultrapassar a dissonância cognitiva na sua carteira
de investimentos:
1) Não se apaixone por nenhum investimento: não fique enamorado por qualquer
ação ou outro ativo que veja que caiu o suficiente para se encontrar em ponto de
compra ou manter em portfólio. Tente ser o mais objetivo possível quando olha
para as suas posições para determinar se ainda merecem estar na sua carteira de
investimentos.
2) Pare de tentar adivinhar máximos: todas as semanas vemos um novo
analista e perito em mercados a dizer que o mercado acionista não pode subir
mais e para as pessoas se prepararem para o “fim do mundo”. Sabe porquê? O medo
vende! No entanto, o medo raramente lhe dá dinheiro a ganhar.
3) Crie uma Lista de Observação: tenha uma lista de títulos que considera adequados
para a sua carteira de investimento a compare-os com as posições que detém em
portfólio. Atualize as ideias numa base regular para se certificar de que está a
captar novas oportunidades e a definir pontos de preços, onde irá implementar
essas ideias. Recentemente comprei Prata para os meus clientes porque foi um
título que estava na minha lista de observação que eu monitorava ativamente e a
cumprir as metas de preço.
4) Faça uma gestão do risco com Stop-Loss: ao investir existem sempre
quatro resultados: um grande ganho, um pequeno ganho, uma pequena perda e uma
grande perda. Os três primeiros resultados são aceitáveis. No entanto, pode
sempre evitar uma grande perda que possa fazer uma mossa grande na sua carteira
de investimentos. Eu recomendo sempre definir um stop-loss para que seja sempre possível
definir o risco, e delinear uma estratégia de saída da posição.
5) Mantenha o portfólio equilibrado: embora nem sempre possa ser possível ver
os dois lados do mercado devido à dissonância cognitiva, deve sempre manter uma
atitude equilibrada na construção do portfólio. Confiança e disciplina podem ser
usados de forma efetiva para implementar novas ideias de investimento. No
entanto, um excesso de ganância, medo ou convicção pode abalar de forma significativa
a sua carteira. Embora não exista uma fórmula perfeita para estar no mercado,
existem sempre passos disciplinados que pode fazer para melhorar o seu
resultado.
Bons
Investimentos!
João Carlos Pinto
Trader na Golden Broker