Em finanças, o efeito de alavanca (ou alavancagem)
implica o recurso a capitais alheios para aumentar a rentabilidade dos capitais
próprios. Os capitais alheios podem ser disponibilizados através de empréstimos
ou através de facilidades de transação, geralmente em regime de conta margem.
Neste último caso, o investidor pode aplicar um montante superior aos capitais
próprios, mas há um mecanismo de garantia (o mecanismo de margens) que visa
equilibrar a proporção entre capitais próprios e alheios.
Por exemplo (o
caso do empréstimo): Um investidor compra 100.000 euros em ações, das quais 50%
resultam do recurso a capitais próprios. Se as ações subirem 20%, a
rentabilidade é de 20.000 euros, a que terá de deduzir os juros do empréstimo -
assumamos 2.000 euros. Portanto, temos 18.000 euros de rentabilidade com um
esforço de capital de 50.000 – 36% de rentabilidade. Se tivesse aplicado tudo
com recurso a capitais próprios, ganharia 20.000 euros com um esforço de
100.000 – 20% de rentabilidade. Os capitais alheios potenciaram o efeito de
alavanca. Um melhor resultado por unidade monetária de esforço próprio.
Por exemplo (o
caso da conta margem): Um investidor compra 100.000 euros em cfd`s de ações,
recorrendo a um depósito de 50.000 euros na sua conta. Se as ações subirem 20%,
a rentabilidade é de 20.000 euros, a que terá deduzir os juros do empréstimo
cfd`s - assumamos 2.000 euros. Portanto, temos 18.000 euros de rentabilidade
com um esforço de capital de 50.000 – 36% de rentabilidade. Se tivesse aplicado
tudo com recurso a capitais próprios, ganharia 20.000 euros com um esforço de
100.000 – 20% de rentabilidade. O uso dos cfd`s potenciou o efeito de alavanca.
Um melhor resultado por unidade monetária de esforço próprio.
Notou alguma diferença? Se não notou, é natural, pois
não há diferenças de monta. Há diferenças técnicas de outra natureza, por
exemplo, riscos de contraparte diferentes, mas, no essencial, a matemática da
dívida (explícita ou implícita) está presente em ambos os casos.
Erros de utilização
Como se pode verificar pelos exemplos acima, a
alavancagem é um instrumento de rentabilização atrativo. Todavia, a utilização
incorreta da alavancagem é uma das principais causas para o insucesso na gestão
de carteiras. Os erros mais importantes são:
- Alavancar sem
fazer algumas contas simples;
Muitos investidores controlam o risco
pela percentagem de margem utilizada, ou seja, pelo crédito não utlizado, mas
ainda disponível (“margin utilization” ou “utilização de margem”). O que devem
fazer antes disso é recorrer aos velhos “Tês” da contabilidade: Ativos,
Passivos e Capitais Próprios. Os Ativos são o valor de mercado do cash
disponível e das posições abertas (é uma rubrica sensível às oscilações das
posições abertas no mercado); os Capitais Próprios são os depósitos e
levantamentos efetuados, os ganhos e perdas realizadas e os ganhos e perdas não
realizadas (é uma rubrica sensível à atividade de trading e ao valor de mercado
do ativo – quando o ativo desce, os capitais próprios descem na mesma dimensão;
o Passivo é o valor que completa a igualdade: Passivo = Ativo – Capitais
Próprios. No exemplo acima, se o Ativo, que valia inicialmente 100.000, passar
a valer zero, e os capitais próprios, que valiam 50.000, passarem a valer -50.000
(devido às perdas de 100.000 no ativo), então, o investidor fica em falência
técnica (capital negativo, isto é, o valor do ativo não serve para pagar a
dívida de 50.000 euros).
O indicador
mais importante é o “exposure coverage” ou “exposição coberta”. No exemplo
acima, a exposição coberta é de 50%, o que quer dizer que metade da exposição
está coberta com fundos próprios. Nunca deixe derrapar a exposição coberta,
isto é, o rácio dos capitais próprios sobre o Ativo total.
Nunca!
Reduza as
posições de forma a manter um nível adequado de cobertura por fundos próprios.
Por exemplo, uma exposição coberta inferior a 50% em cfd`s de ações é uma
vulnerabilidade, especialmente se for conjugada com outro erro comum…
Menosprezar eventos raros;
Falências; OPA;
resultados; profit warnings, reuniões do G7 no fim de semana, etc.
Por exemplo, o
BES fez este ano um aumento de capital com sucesso, com prospeto aprovado e
grande procura no retalho e em institucionais. Pouco tempo depois deu-se o
terramoto. Estes eventos “inesperados” são muito mais frequentes do que se
pensa.
Portanto, Não
deixe que o excesso de dívida, por via direta ou indireta, o coloque num beco
sem saída!
Mais uma vez:
reduza as posições para manter uma exposição coberta alta e estável.
E sobretudo não
caia no erro seguinte…
Deixar correr
as perdas e encaixar rapidamente os ganhos
É um erro de
principiante. Decorre de uma enorme aversão emocional à perda realizada.
Embora, no exato momento da venda, seja exatamente a mesma coisa vender uma
posição a perder, transformando-a em cash, ou mantê-la, a dor causada por uma
perda realizada é emocionalmente maior. Por estranho que possa parecer, há quem
argumente que quem vendeu a perder (pex, a 10 euros) está pior do que alguém
que manteve a posição, embora o título tenha descido mais entretanto (para 9
euros, pex). É obviamente uma heurística muito prejudicial ao investidor (“é
psicológico” – como bem assumem alguns). Essa irracionalidade torna o
investidor muito lento a assumir os prejuízos (alguns até dizem “só vendo a ganhar”)
e muito célere na tomada de mais-valias.
Conclusão
A utilização cega da alavancagem pode resultar em
fortes perdas, eventualmente perdas irrecuperáveis. A pior combinação possível
é alavancar (mesmo que ligeiramente) e não aceitar realizar menos valias em
determinados negócios. O cocktail verdadeiramente explosivo é ainda mais
requintado: 1) comprar só porque caiu muito sem indagar porquê; 2) alavancar,
se possível fortemente, e 3) quanto à saída: se a aposta correr bem, sair
rápido porque “nunca ninguém faliu a realizar mais-valias”; ou se a aposta
correr mal deixar andar porque, ao fim e ao cabo, era uma aposta “…de longo
prazo” ou se “antes estava baixo, mais baixo está”.
2 REGRAS
SIMPLES SOBRE ALAVANCAGEM e um conselho
1)
Não alavanque se não tiver decidido previamente o que fazer
num cenário adverso, ou seja, se não tiver interiorizado que perante
determinadas circunstâncias tem de sair a perder.
2)
Vigie e ajuste a sua exposição coberta (pelo menos para
reduzir risco) evitando proactivamente as chamadas na margem, ou seja, a
situação em que a exposição coberta é tão baixa (os capitais próprios tão
baixos) que quem lhe emprestou dinheiro vai ter de executar as garantias.
3)
Se não concorda com as regras acima, não use alavancagem.
Bons Investimentos!
Alexandre Mota