Não há ordem de bolsa mais vilipendiada
do que a ordem stop.
Ponto prévio: uma ordem stop é uma ordem que é ativada
quando o preço stop é atingido. O preço stop é sempre pior do que o
atual: uma stop de compra é ativada acima do atual preço de mercado; já uma
stop de venda é ativada abaixo do atual preço de mercado.
Quando faço esta
descrição simples surge sempre a pergunta:
- Porque devo comprar acima do
preço de mercado e vender abaixo do preço de mercado?
- Ora, porque posso já ter
decidido comprar ou vender e apenas estou à espera de uma confirmação do
mercado para executar essa compra ou venda. Uma confirmação que passa
necessariamente pela verificação de uma condição de subida para comprar ou de
descida para vender – respondo eu.
Mesmo anuindo, a maioria não se
rende - Porque devo esperar a confirmação, quando posso comprar agora mais
baixo? – insistem.
- Porque não temos a certeza que
vai subir. Se subir compramos de facto pior, mas se não subir evitamos uma
compra precipitada – replico.
Já tenho mais adeptos para o lado
das ordens stop, mas ainda há muita resistência…
- Porque devo colocar uma ordem no mercado
quando posso esperar visualmente e executá-la quando as condições se
verificarem?
A esta pergunta não tenho uma
resposta definitiva porque tudo dependerá do método e do estilo do gestor. O
que sei é que num ambiente de risco, a stop representa o travão necessário para
auxiliar uma boa performance.
No trading especulativo e na
gestão de carteiras em geral, quem não entender a necessidade do uso de stops
(efetivas ou mentais) ou, por outras palavras, quem não souber assumir perdas
com naturalidade, acabará por, mais cedo ou mais tarde, sofrer graves
dissabores.
O modus operandi funciona mais ou
menos assim:
O trader anti-stop gosta de ter
razão. Por isso, geralmente não compra após uma grande subida, preferindo
refugiar-se no conforto mental de comprar em baixa e vender em alta. Ele sabe
que “apanhar uma faca a cair” é perigoso e que nessas circunstâncias a
colocação de uma stop é mais uma ferramenta de jogo do que de gestão do risco.
Portanto, não coloca stop. Se correr mal, começam as autojustificações, as
conspirações, os culpados externos. Sim, todos são culpados, menos ele – o
trader anti-stop.
Se conjugarmos esta atitude com a
presença da alavancagem, temos o cocktail certo para a desgraça. A verdade é
que a culpa não é do mercado, nem da stop, nem da alavancagem. A culpa é dele.
A colocação de stops é quase uma
arte.
Não querendo entrar em pormenores entendo que há algumas ideias a reter e
que advêm da experiência e observação:
- não colocar stops muito
próximas do preço de mercado;
- procurar níveis naturais;
- ajustar as stops numa base
contínua tendo em conta a evolução do mercado;
- ter em atenção os níveis de
liquidez e o tamanho da ordem stop, assim como os momentos de abertura do
mercado.
- justificar bem por que razão a
stop é mental e não real.
Bons Investimentos!