Os Cisnes Negros de 2013
O fim do ano é sinónimo de
balanço. Ao recordar o ano que agora finda, as barreiras macro que o mercado
teve de enfrentar (designadamente a crise das dívidas e mais recentemente a
ameaça americana do “fiscal cliff”) e a forma limpa como as ultrapassou, não
deixamos de concluir que nos aproximamos de um ponto de perigosíssima
complacência. Ao passar os olhos pelos “Outlooks 2013” o consenso aponta para
uma subida do S&P em torno de 10% e ainda “procuro” analistas que prevejam
uma queda do mercado.
Mas que contexto tão “benigno” é
este?
Convém recordar que, no mundo
desenvolvido como um todo, vivemos a pior situação em termos de dívida pública
desde a segunda guerra mundial. O problema não é só europeu, mas também
americano e japonês. Durante algum tempo, as apostas centraram-se no elo europeu,
mas é possível que a corda parta por outro lado. É evidente que existe outra
visão: a visão de que a corda não vai partir e que a dívida será paga através de
expansão monetária. Como principais atores desta visão temos os principais
bancos centrais que, com as sucessivas operações de expansão monetária,
transformam o mercado numa espécie de macaco amestrado com o radar no próximo
QE, Twist, LTRO, etc. Pior que isso, a intervenção dos Bancos Centrais que já
passou há muito a imoralidade de subsidiar os bancos, representa hoje a ÚNICA razão que sustenta a subida dos
mercados acionistas. Não fora esta intervenção e o desenrolar do purgativo
processo de ajustamento empurraria os índices acionistas para sul.
Como disse o ex Ceo do Citigroup:
“Enquanto a música tocar, devemos dançar…”. Isso não impede que escutemos com
atenção a música…. Por exemplo, yields cada vez mais baixos sobre dívidas de
estados ou empresas insolventes; crescente pressão social e conflito entre
gerações; repressão fiscal e manipulação monetária.
Neste pano de fundo atrevemo-nos
a considerar o óbvio: 2013 será provavelmente um ano de grandes sobressaltos;
quedas das bolsas e grande agitação no mercado cambial. Os bancos centrais
procurarão corrigir com a receita expansionista do costume, mas as munições
serão cada vez mais fracas.
É neste contexto que devemos
saber ter uma estratégia equilibrada, mas, acima de tudo, devemos recordar
que a o sucesso não é ter razão, nem agitar ideias como grandes convicções
futuras. O sucesso nos mercados são resultados.
Bons
Investimentos!