quarta-feira, 3 de julho de 2013

GASPORTAS


GASPORTAS
Por Alexandre Mota

O efeito borboleta é uma das bases da teoria do caos a qual representa uma abordagem fascinante para explicar uma série de fenómenos físicos e humanos, entre os quais se inclui o comportamento dos mercados financeiros. Num mundo complexo, interligado e globalizado, o efeito borboleta diz que “o bater de asas de uma borboleta na China, pode resultar num fenómeno de larga escala no outro lado do mundo”, ou seja, o equilíbrio do ecossistema é instável, o catalisador é imprevisível e as consequências podem ser de larga escala (nota: peço desculpa aos puristas por simplificar tanto uma teoria tão elegante)

Gaspar bateu as asas e Portas idem. A nossa borboleta (a “GASPORTAS”) pode muito bem ser o catalisador de algo bem mais grave à escala mundial. O que se segue não é um exercício de previsão, mas apenas uma hipótese. Vejamos:

Vivemos num mundo atolado e viciado em dívida. Alguns países periféricos (como Portugal) são forçados ao empobrecimento para as pagar, mas os gigantes, como os EUA, Japão (e Alemanha embora em menor escala) têm um problema da mesma dimensão relativa (ou pior como é o caso do Japão) e ainda não o fizeram. Os bancos centrais, os governos e os bancos, empurram o problema para a frente recorrendo a todo o arsenal disponível, destacando-se a impressão monetária. Com as taxas de juro baixas, a poupança não é restaurada e o dinheiro flui para investimentos em dívida de toda a natureza, numa busca ilusória de rendimento que descura a devolução do principal. Recentemente a FED deu sinais de que quer temperar este status quo, esta dependência do “Money printing”. Os yields subiram.

Portugal era o aluno aplicado que obteve todos os elogios pelo cumprimento das exigências dos nossos credores. “Nós não somos a Grécia” clamaram os nossos governantes.

Hoje, após este bater de asas num sistema tão instável, num sistema que já preparou a chamada de outros credores para pagar os resgates, o desencadear de acontecimentos é imprevisível.

Mas pode, sem dúvida que pode, resultar num tufão caótico de larga escala.  

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os Cisnes Negros de 2013

Por Alexandre Mota


Os Cisnes Negros de 2013

O fim do ano é sinónimo de balanço. Ao recordar o ano que agora finda, as barreiras macro que o mercado teve de enfrentar (designadamente a crise das dívidas e mais recentemente a ameaça americana do “fiscal cliff”) e a forma limpa como as ultrapassou, não deixamos de concluir que nos aproximamos de um ponto de perigosíssima complacência. Ao passar os olhos pelos “Outlooks 2013” o consenso aponta para uma subida do S&P em torno de 10% e ainda “procuro” analistas que prevejam uma queda do mercado.

Mas que contexto tão “benigno” é este?

Convém recordar que, no mundo desenvolvido como um todo, vivemos a pior situação em termos de dívida pública desde a segunda guerra mundial. O problema não é só europeu, mas também americano e japonês. Durante algum tempo, as apostas centraram-se no elo europeu, mas é possível que a corda parta por outro lado. É evidente que existe outra visão: a visão de que a corda não vai partir e que a dívida será paga através de expansão monetária. Como principais atores desta visão temos os principais bancos centrais que, com as sucessivas operações de expansão monetária, transformam o mercado numa espécie de macaco amestrado com o radar no próximo QE, Twist, LTRO, etc. Pior que isso, a intervenção dos Bancos Centrais que já passou há muito a imoralidade de subsidiar os bancos, representa hoje a ÚNICA razão que sustenta a subida dos mercados acionistas. Não fora esta intervenção e o desenrolar do purgativo processo de ajustamento empurraria os índices acionistas para sul.

Como disse o ex Ceo do Citigroup: “Enquanto a música tocar, devemos dançar…”. Isso não impede que escutemos com atenção a música…. Por exemplo, yields cada vez mais baixos sobre dívidas de estados ou empresas insolventes; crescente pressão social e conflito entre gerações; repressão fiscal e manipulação monetária.

Neste pano de fundo atrevemo-nos a considerar o óbvio: 2013 será provavelmente um ano de grandes sobressaltos; quedas das bolsas e grande agitação no mercado cambial. Os bancos centrais procurarão corrigir com a receita expansionista do costume, mas as munições serão cada vez mais fracas.

É neste contexto que devemos saber ter uma estratégia equilibrada, mas, acima de tudo, devemos recordar que a o sucesso não é ter razão, nem agitar ideias como grandes convicções futuras. O sucesso nos mercados são resultados.  

 Bons Investimentos!