Por Alexandre Mota
Michael Platt é um nome de topo
na gestão de ativos. Em 2000 fundou a BlueCrest juntamente com William Reeves.
A empresa de investimento teve um tremendo sucesso, expresso num crescimento para
perto de 29 mil milhões de dólares sob gestão no início de 2012. A maioria dos
ativos distribui-se por dois programas: uma estratégia discricionária da
responsabilidade de M.Platt e uma estratégia sistemática seguidora de
tendências da responsabilidade de Leda Braga.
No seu mais recente livro, Jack Schwager
entrevistou M.Platt, ficando bem vincada a obsessão deste pela gestão do risco,
bem patente na construção e implementação da estratégia.
A determinada altura da
entrevista (que recomendo a todo o estilo de gestores – ou candidatos - que queiram
aprender) Schwager pergunta: “Já selecionou muitos gestores na sua carreira. O
que procura quando os escolhe?”. A resposta é desarmante para um certo tipo de
gestores.
“Procuro pessoas que sabem que
tudo pode acontecer. Não quero tipos que fazem um cálculo no computador, descobrem
onde o mercado devia estar, montam a posição, o mercado vai no outro sentido e
eles não assumem o prejuízo.”
E acrescenta:
“Esses gestores não pensam em
outra coisa senão em quão inteligentes são…o mercado está errado, eles não.”
Nota pessoal: há outra hipótese que é serem idiotas.
Ao pensar sobre o que pode
acontecer às economias e aos mercados o meu sentimento mais primitivo busca
convicções. É natural, todos queremos uma bola de cristal. Mas a verdade é que
o mundo não funciona assim e os mercados também não. Não há só um caminho para
o sucesso e todos os caminhos têm falhas. Vivemos num mundo de incerteza e a
fórmula para lidar com a incerteza não é desenvolver uma tese, ancorá-la nos
dados passados e gritá-la como verdade absoluta para o futuro. O mercado não
funciona assim. O mercado está sempre em constante mudança.
Lamento caro leitor se não lhe
consigo dizer com convicção para onde vão os mercados ou quando comprar ou
vender uma ação. Para isto deve procurar outros vendedores de sonhos. A
realidade é, pelo menos aos mais simples olhos, bem mais complexa.
Ei-la em poucas linhas:
Por um lado, os principais bancos
centrais estão historicamente alinhados no sentido de expandir os seus balanços
o que no fim da linha resultará em mais liquidez e inflação quando o canal do
crédito abrir, beneficiando a temática RISK ON.
Por outro lado, num ciclo de
desalavancagem como o atual, esta criação monetária poderá não servir para mais
do que compensar os writedowns de dívida e manter ligadas à máquina
instituições financeiras tecnicamente insolventes. Neste cenário a dissonância
entre os estímulos e os resultados resultará num RISK OFF mais cedo ou mais
tarde.
Vivemos um “New Normal”, nas
palavras sábias de Bill Gross. Num “New Normal” são igualmente muito altas as
probabilidades de um desenlace Bull com muita inflação, como um desenlace Bear
com depressão económica. A chave do sucesso está na gestão do risco e na
disciplina.
Bons Investimentos!