quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os Cisnes Negros de 2013

Por Alexandre Mota


Os Cisnes Negros de 2013

O fim do ano é sinónimo de balanço. Ao recordar o ano que agora finda, as barreiras macro que o mercado teve de enfrentar (designadamente a crise das dívidas e mais recentemente a ameaça americana do “fiscal cliff”) e a forma limpa como as ultrapassou, não deixamos de concluir que nos aproximamos de um ponto de perigosíssima complacência. Ao passar os olhos pelos “Outlooks 2013” o consenso aponta para uma subida do S&P em torno de 10% e ainda “procuro” analistas que prevejam uma queda do mercado.

Mas que contexto tão “benigno” é este?

Convém recordar que, no mundo desenvolvido como um todo, vivemos a pior situação em termos de dívida pública desde a segunda guerra mundial. O problema não é só europeu, mas também americano e japonês. Durante algum tempo, as apostas centraram-se no elo europeu, mas é possível que a corda parta por outro lado. É evidente que existe outra visão: a visão de que a corda não vai partir e que a dívida será paga através de expansão monetária. Como principais atores desta visão temos os principais bancos centrais que, com as sucessivas operações de expansão monetária, transformam o mercado numa espécie de macaco amestrado com o radar no próximo QE, Twist, LTRO, etc. Pior que isso, a intervenção dos Bancos Centrais que já passou há muito a imoralidade de subsidiar os bancos, representa hoje a ÚNICA razão que sustenta a subida dos mercados acionistas. Não fora esta intervenção e o desenrolar do purgativo processo de ajustamento empurraria os índices acionistas para sul.

Como disse o ex Ceo do Citigroup: “Enquanto a música tocar, devemos dançar…”. Isso não impede que escutemos com atenção a música…. Por exemplo, yields cada vez mais baixos sobre dívidas de estados ou empresas insolventes; crescente pressão social e conflito entre gerações; repressão fiscal e manipulação monetária.

Neste pano de fundo atrevemo-nos a considerar o óbvio: 2013 será provavelmente um ano de grandes sobressaltos; quedas das bolsas e grande agitação no mercado cambial. Os bancos centrais procurarão corrigir com a receita expansionista do costume, mas as munições serão cada vez mais fracas.

É neste contexto que devemos saber ter uma estratégia equilibrada, mas, acima de tudo, devemos recordar que a o sucesso não é ter razão, nem agitar ideias como grandes convicções futuras. O sucesso nos mercados são resultados.  

 Bons Investimentos!